sábado, 20 de setembro de 2008

Sedada

Não preciso de tuas palavras.
Muitas delas não fazem sentido para mim
Confusa. Perdida. Atormentada.
Muito obrigada. Não quero palavras.
Já tenho muitas na cabeça.
Sem nexo. Sem dono. Embriagadas, como eu.
Que importa?
Me vê mais uma dose de anestésico, ou arsênico. Tanto faz.
Só não quero palavras,
nem as mais elaboradas, recém-criadas, recicladas.
Não quero diagnósticos, prognósticos, teu eufemismo barato.
Nem atenção.
Guarda o sorriso sarcástico.
Engole tua premiada sensatez.
E deixa- me aqui que não ouço nada.
Não acendas a luz. Apaga tua piedade.
Não preciso de nada.
Guarda essa compaixão para os mendigos que vêm à tua porta.
Tuas palavras, tuas mãos.
Não, muito obrigada.
Economiza o velho espelho que para mim não vale nada e velhas moedas de lata.
Fico aqui. Confusa. Perdida. Minguada.
Não te inquietes por minha alma.
Muito obrigada. Se serve de consolo não restou mais nada.
Apaga a luz, fecha a porta. Deixa- me aqui no meio do caminho. Com pedras.
Não vou, nem venho. Fico. Vai embora.
Antes me vê mais uma dose. Ou overdose. Mais nada.
Ah, tira daqui todas as palavras e aquela caixinha de boas intenções.
Não esqueças: apaga a luz, fecha a porta.
Shhhhh Sem barulho, que para mim basta.
Confusa. Perdida. Sedada.
E se isso faz sentires melhor, estou inteira, muito obrigada.

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