quarta-feira, 15 de abril de 2009

Urgência

uma hora o amor aparece,
e consome essa urgência
que me transborda pelos poros.

até lá,
solidão a me contar piadas
fica debruçada no espelho,
olhar quase cínico
por trás da ferrugem.
riso de deboche e compaixão obscena,
como quem relembra um gozo.

corto a madrugada
com os cacos do espelho.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Tóxico

se vais ou ficas
já nem me interessa.

ficam
meus olhos presos em tua boca
enquanto caminho em teus cabelos.

e se devoro
tua saliva e teus venenos
convertidos em verbos

é só um modo doentio
de sarar minha carne corrompida
e te pertencer um pouco mais

enquanto adulteras minha corrente sanguínea
invadindo-me gota a gota,
amargamente.