segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Distração


De repente,
como aquela pancada de chuva de tarde de janeiro,
os meus passos, desequilibrados, tropeçaram 
caíram
em si.
Deram falta.
Vasculhei bolsos, bolsa e botões.

Onde foi que eu deixei o meu coração?

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Preciso de algo que ainda não vivi
uma paixão que ainda não senti
com dores e dramas e metáforas
sobre as quais só ouvi falar.


Mas que seja mais intenso que o que conheço de ouvido.
Ou até mesmo de vista.
Que seja poético, desmetrificado e livre.
Invasivo e catártico.

Preciso de algo desconhecido
mas que eu possa morder nos ombros.
Não que me complete, nem que me transborde,
porque isso está batido demais.
Mas que me divida.

Que me rasgue de ponta a ponta

e depois me ofereça linha e agulha
e um drinque com duas pedras de gelo
que é para esfriar meus ânimos.

Cansei de paixões parnasianas
e sensações barrocas.
Ou me venha concreto, ou fique de longe
vendo a vida passar enquanto escande versos.