segunda-feira, 20 de março de 2017

Vertigem
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Meu eu-lírico sou eu mesma, rota dadaísta 
vertiginosa, 
E explodo a uma velocidade surreal e sibilante
Na traseira de um caminhão. 
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Meus pedaços vão subindo subindo subindo 
Até atingirem o pico do inferno 
E sem paraquedas  desabam no chão numa massa gelatinosa. 
Disforme. 
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Sou um eu-lírico estropiado, restos inertes
Segundo a Santa Madre Igreja 
Sem salvação. 
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Meu eu-lírico não tem nada de lírico 
Nada de poesia
Nada de seguro.
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Deixo ao mundo 37 parcelas pra pagar
Enquanto pago minha eternidade na danação.
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Bloody Mary
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Vazio que se faz assim fora de hora
é soco na boca do estômago
é amargo
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é um silêncio imposto
poesia de rima gasta
que fica engasgada
pela poeira de um boteco antigo.
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de repente o tempo fechou.
a casa caiu.
boteco esvaziou
alguém partiu. sem riso. sem vela.
-- Sem choro, seus filhos da puta!
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solitário em cima do balcão,
como se olhasse perguntando algo
um copo de Bloody Mary pela metade.
A morte não tem graça.
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Para Véio China, 20/ 03/ 2015