domingo, 18 de dezembro de 2016

Bem ou mal a gente sempre se acostuma
às ausências doloridas
aos novos sabores
às novas rotinas
e aos silêncios,  ah, os silêncios...

E a gente se acostuma aos remédios amargos
àquela dor que medicina não tira
à procura de novos planos
que a gente nem sabe por onde começar.
Mas a gente começa.

Bem ou mal, o nó na garganta desata
o rio que me embaçava a vista, seca
e novas sementes vão sendo plantadas.
E bem ou bem a gente vive
porque mal já não dá mais.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

in the border


há uma linha tênue
entre o que sou e a sanidade
vermelha-cor-de-dentro
corpo ardendo ardendo
poros pedindo silêncio.
mundo inteiro em desacerto
se equilibrando in the line.


o rosto suando
é pouco é nada é dose
overdose overandover
cada vez mais à flor da pele
rompida, que impele a implosão

vejo na pele marcada
o limite traçado, por mim demarcado
arde-me os olhos, acalma-me alma

na pele rasgada
vermelho-combustão

há um silêncio pesado e assassino 
so hard soul border.
em segundos,
milhares de mim aos ares 
milhares de mim ao chão.

(em) bananada


madrugada
quente/fria
na parede estrelada.
adoçando a boca
nua e sem peso
trago, perdida, a alma
embananada.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Poeminha final




gente nova não deveria morrer
de nenhuma morte.
ainda mais tão nova
ainda mais tão gente.
com a morte na velhice, a alma se consola
quase que silenciosamente
como se aceitasse uma lei
que o coração já prevê.
mas com gente nova, não.
gente que mal começou a ver e ouvir a vida
e que nem conheceu todos os passos
de todas as danças
não deveria dar de cara com o fim
deveria ficar mais e passar por tudo que é da vida
obrigatoriamente.
e embriagar-se de loucuras secretas
e gozar de flores e estrelas no meio da madrugada.
gente nova deveria viver
em vez de ir descansar em paz.