domingo, 31 de maio de 2009

do que é incompleto

Numa parte que me falta
ficou uma dor assim desajeitada,
metade de um riso escondido
que se misturam a um alívio estranho.

O tempo que tínhamos nas mãos
de repente se fez nuvem
e se desfez lentamente,
como o silêncio macio da tua risada.

Então escondi o rosto ente meus dedos
e com o olhar pálido e meditativo
segui o brilho em prata e ouro
dos teus passos em liberdade.

E contemplei teus rastros feitos de resto de orvalho
se confundirem com os primeiros traços da manhã.

domingo, 17 de maio de 2009

calmaria






Talvez eu tentasse falar
mas o silêncio ganhou minha língua e voz
e me desfez mansamente,
a mim, que desconheço o que é manso.

Num breve momento de desvelo e perfume,
as minhas pálpebras serenaram.
O que era efêmero se transfez:
e susteve o tempo, feito um acorde.

Mas um pedaço de mim se desprendeu
com a leveza da tua voz descansada.
Ficou a sensação que nem se descreve
do riso fácil que não se mostra,

da paz, em minhas mãos aquecidas,
do gosto das palavras caladas.