Vozes na mente. Palavras sem nexo.
Alucinações sem reflexos.
Não sei onde estou.
Sentada. Cansada. Criança. Atormentada.
A TV irrita. Sarcasmo irrita. Padrões irritam.
Lágrimas. Dor. Aflição.
Onde estou? Não me importa.
Vai para o Inferno!
Com teus olhos piedosos. Para o inferno!
Eles entendem.
Falam. Gritam. Pedem. Ordenam.
Menos um, menos dois, menos menos menos
Choro. Sozinha. Adolescente. Cansada.
Só menos um... Pede, ordena, ri...
menos três.
Está nas revistas, na TV, e devora meu cérebro.
Dor. Desespero. Fim de tarde e tremor.
Não sei onde estou. Escuridão.
Saio tateando, procurando liberdade.
Autoestima. Confiança. Blá blá blá...Para o inferno!
Com todos os anjos caídos. Arremessados. Atormentados. Enlouquecidos. E ridículos.
Cela triste à qual me atiraram.
Pequena. Úmida. Marcada. Violentada.
Eles cochicham enquanto durmo...
menos um, menos dois, sempre menos mas ouço alucinada.
Hábeas corpus.Tarde demais.
Fim de tarde. Fim do túnel.
Deixa-me.
Guarda tua boca.
Cela triste. Apertada.
Saiam todos. Fiquem eles, só os fantasmas.
Dor. Medo. Boca seca e amarga.
Falam. Gritam. Riem.
Menos menos menos quatro. Sobra nada.
Só o maldito espelho.
Restos cacos pedaços de olhos.
Onde estão meus olhos?
Correntes pesadas.
Choro. Sozinha. Marcada. Adulta. Adulterada. Cansada cansada
Boca seca, amarga, sangrando, sozinha, desvairada.
Não há volta.
Fraca, iludida, com meus olhos distorcidos
Menos menos menos
Sobra nada. Quase nada. Meus ossos grunhindo de frio.
Choro. Grito. Vejo. Revejo. Choro.
Não é suficiente. Nunca é.
Calada. Adulta. Desesperada.
Água, álcool, espelho e clonazepam.
Grito. Sangro. Cansada.
Gosto ruim. Overdose.
Acordada. Retalhada. Calada. Exausta. Paralisada.
Menos cinco. Ou seis.
Depois... Agora parto.
Durmo só. Calei todas vozes.
Uma dose. Duas doses. Overdose.
Adulta, fracassada, dopada.
Apaguem as luzes e fechem a porta. Obrigada.