domingo, 23 de novembro de 2008

Soneto da partida


Sinto o fracasso latente em meus ombros.
Pesa em meus passos que vão devagar
Áspero gosto de falta de ar
vejo-me agora em meus próprios assombros.

Já dessa ingrata e efêmera vida
nada desejo, tampouco piedade.
Só, no limite da mediocridade
sofro calada, minh’alma implodida

Tal qual abutre que aguarda no chão,
do alimento, um último espasmo,
sonda-me a Morte em sinistra atenção.

Neste processo de putrefação,
traga-me o fim, ao menos um orgasmo
e que partir não me seja em vão.


2 comentários:

silcar53 disse...

Lindo, adorei minha querida.

o sonho amortecido,
quando transfigura a alma,
deixa desguarnecida a razão,
o que importa, que venha a solidão.

Anônimo disse...

Extraordinário!