sábado, 13 de setembro de 2014

Poema ao contrário


.
Me falta um cigarro entre os dedos.
e a paz tranquila de quem se despede  d
aquele verso único
que se consegue uma vez na vida
antes de enterrar a poesia gasta.
.
Me faltam dois dedos de uísque, 

e não venham com taças de vinho
e o sono pesado e embriagado
alheio à ressaca do dia seguinte.
.
Me sobrou o lítio
artificial
assassinando qualquer poema
de dor, ou de gozo.
De amor inventado.
.
Duas bolas castanhas pousam acima de minhas olheiras
sem histórias para contar
nem pesadelos.
.
E se é de mim mesma a falta que sinto
é que nem sei mais encontrar minhas partes
que vão ficando espalhadas pelos caminhos
sem nem ao menos brotar um pé de mim.